domingo, abril 09, 2006

" faça o bem, fale o bem, pense o bem.
Perceba que cada ser que encontramos é um ser iluminado
Disfarçado a nos mostrar o Caminho.
Alguns nos mostram como não devemos ser.
Outros como devemos ser ."

(Monja Coen, setembro/2002)
Hoje, foi mais um dia que eu me programei para ir ao Zazen e não consegui. Acordei, tomei meu banho e fui tomar café. Lembrei que tenho muito o que fazer na minha casa, arrumar, lavar, passar, esfregar, jogar fora, embelezar, alimentar a casa e os gatos... Então adiei mais uma vez a prática da meditação com a comunidade.
Sentei no computador para checar as mensagens e abrir meus blogs, e sabia que tinha que postar algo aqui, já que intensão da manhã de hoje era estar em contato com as reflexões necessárias para minha vida. Fui parar no site da Monja Coen, em entrevistas dadas por ela, em citações, em fotos e foi quando eu li o trecho acima citado. Nesta hora, meu marido passou por mim e disse: "Olha só, eu pensei que se nosso vizinho de repente "pufff" ( fez um gesto de algo desaparecendo no ar ), não ia fazer falta nenhuma na minha vida!"
Aqui cabe uma breve explicação sobre esse famigerado vizinho: ele parece ser uma pesso das cavernas, sem modos nenhum nem compaixão pela família. Tem 18 anos e dá "pernada 3X4" em tudo e todos. Sobra até pra gente, pois o nosso quarto, nossa sala, nosso banheiro, nossa cozinha, enfim, todas as janelas da casa que moro estão voltadas para o quintal dele. E incrivelmente somos afetados diretamente pelos palavrões, pela agressividade física com os membros da família, pelo uso de drogas com os amigos durante as tarde... Bem, outro dia eu posso falar mais um pouquinho sobre esse convívio.
Mas voltando a frase dita pelo meu marido... Acredito que estamos presenciando essas coisas, eu e ele, para aprendermos o que não devemos ser. Temos apenas 3 anos de casados e estamos nos solidificando agora. O respeito que temos que desenvolver como casal deve ser o total oposto das atitudes deste vizinho. Mas para sabermos o que não queremos temos que ver, ouvir, sentir na pele o quanto poderemos fazer mal para aqueles que nos cercam se agirmos assim, como animaizinhos ferozes, sempre querendo agredir.
Tenho muito ainda que aprender sobre observar o que aparentemente é repusivo e tirar bons ensinamentos disso. Acho que esta reflexão valeu a minha ausência no Zazen de hoje.

sexta-feira, abril 07, 2006

Da Arte do Comprometimento




Abandonar! Esta palavra é tão comum na minha vida. Em todos os sentidos: abandonar o amigo, o amor, abandonar uma idéia, abandonar a calma, a paz, abandonar o que está "quase conseguido"...


Quando estive no "templinho" da Monja Coen, percebi o que me faltava na vida: COMPROMETIMENTO. Em primeiro lugar comigo mesma, e depois... bem, depois é o passo seguinte. Encontrei tantas pessoas comprometidas com seus caminhos e comprometidas também em ajudar a trazer o caminho dos outros mais pra perto. Isso me encantou!

Nada de abandono, nada de recaídas egoístas, não neste caminho que começo a enxergar, graças ao comprometimentos de tantos, e agora, do meu também.

quinta-feira, abril 06, 2006

CALENDÁRIO DA PEDRA - Denise Stoklos



Este trecho foi tirado da peça "Calendário da Pedra" de Denise Stoklos. É, na minha visão, pra lá de Zen.

"Neste ano vi um gato morrer e tudo continuou igual no mundo.

Me perguntei diversas vezes quando morrerei, e continuo não sabendo.

Me descobri descombinada.

Achei que devia me engajar em movimentos.

Mergulhei nos meus movimentos.

Consegui jogar alguns excessos fora.

Envelheci um ano.

Ligeiramente me transformei.

Perdi alguns dias da minha vida hibernando, dias que não voltarão.

Tive insônia.

Tive sonhos.

Tive delírios.

Fiquei doente.

Me cuidei.

Sarei.

Tive saudade.

Nasceu gente.

Nasceu gato.

Estudei.

Divaguei.

Briguei.

Pedi desculpa.

DESCOBRI O CHAMADO!



ATENDER AO CHAMADO, O CAMINHO, QUE É O QUE SE PERCORRE TORTUOSAMENTE PARA CHEGAR AO DESTINO FINAL, SEMPRE EM MUTAÇÃO, MAS MARCADO. Primeiro de Janeiro: Acordei e... "

PRECEITOS e não RECEITAS

Preceito #1
A natureza inconcebivelmente maravilhosa, no eterno Dharma, não surgir o ponto de vista da extinção. É chamado de não matar.


Preceito #2
A natureza inconcebivelmente maravilhosa, no Dharma que não pode ser apanhado, não surgir o pensamento de ganho. É chamado de não roubar.


Preceito #3
A natureza inconcebivelmente maravilhosa, no Dharma do não-apego, não surgir o ponto de vista do apego. É chamdo não ser ganancioso.


Preceito #4
A natureza inconcebivelmente maravilhosa, no inexplicável Dharma, não expor uma palavra. É chamado não mentir.


Preceito #5
A natureza inconcebivelmente maravilhosa, no Dharma intrinsecamente pura, não surgir a ignorânica. É chamado não ficar intoxicado.


Preceito #6
A natureza inconcebivelmente maravilhosa, no Dharma sem faltas, não falar sobre erros e faltas. É chamado não falar sobre erros e faltas.


Preceito #7
A natureza inconcebivelmente maravilhosa, no Dharma da equanimidade, não falar do eu e dos outros. É chamado não se rebaixar e se elevar aos outros.


Preceito #8
A natureza inconcebivelmente maravilhosa, no Dharma genuíno que está em toda a parte, não pegar um coisa. É chamado não ser avarento.


Preceito #9
A natureza inconcebivelmente maravilhosa, no Dharma do não-eu, não conceber uma realidade do eu. É chamado não ser dominado pela raiva.


Preceito #10
A natureza inconcebivelmente maravilhosa, não surgir a distinção de Buda e dos outros seres. É chamado não falar mal dos Três Tesouros.

Vegetarianismo segundo a Prática Budista

Perguntado sobre a prática de Vegetaranismo o Monje Gensho, de Porto Alegre diz:

O senhor come carne? Os monges devem ser vegetarianos?

Sou vegetariano. Nos mosteiros a tradição budista é vegetariana. Mas a abordagem não é tão simples. O foco do budismo é o sofrimento, devemos tentar diminuir o sofrimento que causamos ao viver. Mas quando um monge é convidado a uma casa come o que lhe oferecem sem nada dizer. Quando mendiga e recebe comida também. Manter uma mente discriminativa e orgulhosa, achando-se superior por não comer carne é visto como uma atitude não compassiva.

Na verdade eu ainda não consigo comer carne sem pensar, isto é uma falha minha e espero um dia ter atingido o ponto do mestre zen que mendigando recebeu comida de um portador de hanseníase (lepra), o polegar apodrecido do homem caiu em sua tigela, ele comeu sem pestanejar... Este era realmente um grande mestre zen.

É verdadeiro que a vida vive da vida. É impossível viver sem causar sofrimento. Como você deve ter notado no texto que citou do Lama Padma Santem, ele diz "budistas comem de tudo, mas no centro temos uma dieta vegetariana". Eu o conheço muito bem e já comemos lado a lado muitas vezes. A idéia não é radical, é de que podemos diminuir o sofrimento já que estamos sempre causando o mesmo. Pelo menos no meu caso, não digo o que é certo ou errado. No zen não se pode fazer esta distinção. É apenas sua condição cármica que os faz sentir assim. Outros nada sentem quando caçam, por exemplo. Trata-se de sua condição mental. Por essa razão, você verá tantas atitudes como as do Lama, ou as dos mestres zen que aceitam comer carne quando lhes oferecem, mas que, em suas casas, praticam um vegetarianismo sem exibições.